- Meu Deus, uma criança tão pequena assim eu ainda não tinha visto pedindo esmolas no farol.
Chamou-me a atenção a beleza da criança. Rosto de boneca, cabelos loiros e encaracolados, olhos azuis lindos. Usava um vestidinho florido e chinelinhos tipo havaiana e andava com desenvoltura entre os carros, parando em quase todos para pedir dinheiro. Olhei em volta para ver se algum adulto a acompanhava e lá estava na calçada, ao lado da Igreja Nossa Senhora Aparecida, uma mulher mal vestida e suja orientando a menina a pedir. Ao perceber que as pessoas elogiavam a beleza da menina, a mulher - seria a mãe? punha no rosto um sorriso de contentamento. Fiquei chocada, revoltada. Penalizada.
Se era a mãe, como podia explorar assim a filha, tão pequenina e frágil? Preferi pensar que era uma estranha usando a criança para sensibilizar os motoristas. Mas cadê a polícia que não passava por alí para prender aquela mulher, exploradora de criancinhas?
O farol abriu e tive que botar o carro em movimento. A mulher gritou e a menininha andando entre os carros, sem noção do perigo, correu ao encontro da mulher que a esperava na calçada. E alí ficaram as duas esperando outra vez o farol fechar, para a mulher mandar a menininha outra vez entre os carros esmolar. Que dó.
É mesmo revoltante ver crianças pedindo nos faróis, quase sempre orientadas por um adulto que se olharmos bem, estará pelos arredores, à espreita, esperando para botar no bolso o que a criança arrecada nessa humilhante situação. Todos sabemos que criança deveria estar na escola e não nas ruas, mas mesmo existindo tantos orfanatos e projetos que as retiram das ruas, esta parece ser uma tarefa sem fim. Que triste.
Obrigada por visitar minha Oficina. Entre, fique à vontade. Ao trabalhar com as palavras, tanto podemos falar de amor como exorcizar a dor. Em ambos os casos,ter quem nos leia é fundamental.
domingo, janeiro 28, 2007
INFÂNCIA EXPLORADA
Quase seis horas da tarde. O trânsito no cruzamento da Av. Moema com a Ibirapuera era dos mais pesados. Com o farol fechado, fui obrigada a parar e esperar. Apesar do sempre medo de assaltos, o forte calor não me deixava opção senão abrir os vidros do carro. Uma menina, aparentando quatro ou cinco anos, se aproximou estendendo a mãozinha e pedindo um trocado. Pensei :
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