PRECONCEITO E DESINFORMAÇÃO.

Este logo foi desenvolvido pelo autor do blog Adesenhar para o blog Sidadania, ambos de Portugal. O Sidadania é um blog de informação sobre a SIDA/AIDS. Visite, informe-se, comente, divulgue. Informação é fundamental.
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Dois anos atrás resolvi ser madrinha de uma criança que conheci em um orfanato na zona norte de São Paulo. Julia, de 8 anos, foi contaminada pelo virus da SIDA/ HIV no nascimento. Sua mãe, uma prostituta, passou o virus para a filha.

Julia, que não tem sintomas da doença, é loira e linda e tem maravilhosos olhos azuis. O cabelo comprido é desses que servem para fazer comercial de shampoo. O orfanato que abriga Julia recebe interessados na adoção de crianças abandonadas e como não poderia ser diferente, Julia atrai os olhares de todos. Mas a história é sempre a mesma. Quando sabem que ela tem AIDS, dão uma desculpa esfarrapada e procuram outra criança para adotar.

De vez em quando trago Julia para passar um fim de semana aqui em casa comigo, Flavia e Fernando e claro, na sua mochila Julia traz o coquetel de comprimidos que tem que tomar diariamente, como todos os infectados pelo virus da SIDA/AIDS. Numa ocasião em que eu estava lhe dando água para tomar a medicação, uma das auxiliares de enfermagem de Flavia, - nessa época eu tinha duas – me olhou de forma estranha e sem rodeios, perguntou: - Essa menina tem AIDS?. Naturalmente respondi que sim. A auxiliar de enfermagem demonstrou sentir-se desconfortável mas ficou por isso mesmo. No entanto, notei que ela passou a fazer as refeições usando os próprios talheres que passou a trazer de casa. Perguntada por que passou a fazer isto, a criatura me respondeu que não se sentia segura em fazer suas refeições usando meus talheres e pratos, porque Julia tinha feito suas refeições aqui em casa. Fiquei surpresa com a falta de informação da moça, principalmente por ela trabalhar na área da saúde. Mais do que ninguém ela teria a obrigação de saber que não se pega AIDS usando os talheres que foram usados por um infectado. De nada adiantou eu lhe explicar quais são as formas de contaminação do vírus, - o contato com o sangue contaminado ou relações sexuais desprotegidas. Quando essa auxiliar deixou minha casa, onde já trabalhava por dois anos, ainda se julgou no direito de me dizer que fui irresponsável ao fazê-la conviver, mesmo que apenas em alguns fins de semanas, com uma menina contaminada pelo vírus da SIDA/AIDS. Este é um exemplo de comportamento preconceituoso por absoluta falta de informação de como se pode contrair o virus da SIDA/AIDS.

Defendo ferrenhamente uma ação das secretarias de saúde em veicular nas diversas mídias, e de forma contínua, campanhas de esclarecimento sobre quais são as formas de se contrair o virus da SIDA/AIDS. Com isto, além de se prestar um trabalho de utilidade pública, seria também uma forma de se evitar o preconceito que se nota nas pessoas ao se relacionarem com os soro positivos. Informação é fundamental.