Não sei como me comportar em cerimônias fúnebres. Fico agoniada, e por mais que tente, nunca consigo dizer às famílias, algo original, uma frase que realmente traduza meu sentimento de solidariedade e tristeza pelo falecimento de seu ente querido. Tem também o fato de que não paro de pensar no destino do corpo – o túmulo. Quando acaba o ritual de despedida do morto, e todos caminham lentamente em direção ao local onde o corpo será sepultado, minha angústia aumenta. Faço-me forte para ficar até o fim da cerimônia, quando o caixão desce à cova e lhe jogam terra por cima. Nem mesmo todas as flores que depositam sobre a terra fresca e recém escavada, me fazem sentir melhor.
Outro dia, porém, assisti a uma cerimônia fúnebre diferente. O corpo, em vez de enterrado, foi cremado. Aconteceu no crematório de Vila Alpina, um dos maiores do mundo e o primeiro na América Latina. Fica na zona oeste de São Paulo. O local é muito bonito, com uma imensa área verde, tudo muito bem cuidado.
Nesta cerimônia de cremação que presenciei, a falecida era uma mulher entre 50 e 60 anos. O viúvo, andando de um lado para outro, cuidava dos mínimos detalhes, talvez, para que a cerimônia mostrasse aos presentes, a importância que a falecida tivera em sua vida. Ouvia-se no ambiente as músicas que foram significativas no relacionamento deles, e pouco antes do corpo descer à urna de cremação, o viúvo leu um poema para a amada morta, que pelas palavras me pareceu ter sido escrito no dia de sua morte, ou seja, no dia anterior. Foi lindo.
Uma semana após a cremação, fiquei sabendo, o viúvo foi ao crematório e trouxe para casa, as cinzas de sua esposa.Tudo coube numa pequena caixa de madeira. Depois de outras duas semanas, ele viajou à Paris e num ritual lento, espalhou as cinzas da amada por todo o jardim da Place de Tuileries, onde há muitos anos atrás eles haviam se conhecido, e para onde voltaram muitas vezes quando estavam em férias. Uma prova de amor. Ainda.
O escritor brasileiro Jorge Amado, autor de Gabriela Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Tieta do Agreste, Tocaia Grande, Capitães de Areia, Tenda dos Milagres e e tantos outros livros traduzidos para vários idiomas, também foi cremado. Jorge Amado, falecido em agosto de 2001, teve suas cinzas – dentro de uma urna - enterradas embaixo da mangueira do jardim de sua casa na Bahia, onde por mais de 40 anos ele morou com a esposa, a também escritora Zélia Gattai. Zélia enterrou as cinzas do marido aos pés da velha mangueira, porque era lá que ele ficava por longas horas escrevendo. Este desejo de Jorge Amado - que suas cinzas fossem depositadas ao pés da mangueira plantada por ele e Zélia no jardim da casa - foi feito no livro “Navegação de Cabotagem”.
Uma das vantagens da cremação é que os familiares ficam “desobrigados” de visitar o túmulo de seus mortos, às vezes enterrados em locais distantes, ou até mesmo em outras cidades ou países, o que dificulta e por vezes até impossibilita a visita dos parentes, o que acaba gerando neles, um sentimento de culpa, pela sensação que passam a ter de estarem “abandonando” seus entes queridos mortos. Quanto a mim, prefiro ter minhas cinzas soltas ao vento ou enterradas sob a sombra de uma frondosa árvore. Muito melhor que o túmulo.
Outro dia, porém, assisti a uma cerimônia fúnebre diferente. O corpo, em vez de enterrado, foi cremado. Aconteceu no crematório de Vila Alpina, um dos maiores do mundo e o primeiro na América Latina. Fica na zona oeste de São Paulo. O local é muito bonito, com uma imensa área verde, tudo muito bem cuidado.
Nesta cerimônia de cremação que presenciei, a falecida era uma mulher entre 50 e 60 anos. O viúvo, andando de um lado para outro, cuidava dos mínimos detalhes, talvez, para que a cerimônia mostrasse aos presentes, a importância que a falecida tivera em sua vida. Ouvia-se no ambiente as músicas que foram significativas no relacionamento deles, e pouco antes do corpo descer à urna de cremação, o viúvo leu um poema para a amada morta, que pelas palavras me pareceu ter sido escrito no dia de sua morte, ou seja, no dia anterior. Foi lindo.
Uma semana após a cremação, fiquei sabendo, o viúvo foi ao crematório e trouxe para casa, as cinzas de sua esposa.Tudo coube numa pequena caixa de madeira. Depois de outras duas semanas, ele viajou à Paris e num ritual lento, espalhou as cinzas da amada por todo o jardim da Place de Tuileries, onde há muitos anos atrás eles haviam se conhecido, e para onde voltaram muitas vezes quando estavam em férias. Uma prova de amor. Ainda.
O escritor brasileiro Jorge Amado, autor de Gabriela Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Tieta do Agreste, Tocaia Grande, Capitães de Areia, Tenda dos Milagres e e tantos outros livros traduzidos para vários idiomas, também foi cremado. Jorge Amado, falecido em agosto de 2001, teve suas cinzas – dentro de uma urna - enterradas embaixo da mangueira do jardim de sua casa na Bahia, onde por mais de 40 anos ele morou com a esposa, a também escritora Zélia Gattai. Zélia enterrou as cinzas do marido aos pés da velha mangueira, porque era lá que ele ficava por longas horas escrevendo. Este desejo de Jorge Amado - que suas cinzas fossem depositadas ao pés da mangueira plantada por ele e Zélia no jardim da casa - foi feito no livro “Navegação de Cabotagem”.
Uma das vantagens da cremação é que os familiares ficam “desobrigados” de visitar o túmulo de seus mortos, às vezes enterrados em locais distantes, ou até mesmo em outras cidades ou países, o que dificulta e por vezes até impossibilita a visita dos parentes, o que acaba gerando neles, um sentimento de culpa, pela sensação que passam a ter de estarem “abandonando” seus entes queridos mortos. Quanto a mim, prefiro ter minhas cinzas soltas ao vento ou enterradas sob a sombra de uma frondosa árvore. Muito melhor que o túmulo.
4 comentários:
Na verdade eu nao acredito em visitas de cemiterios, creio que o espirito é como um vento que sopra em nossas faces e os quais estao ao nosso lado na hora em que pensamos neles, acho que cemiterio nada mais é que uma forma de ganhar dinheiro com a desgraça alheia, nao acredito nessa coisa de ir chorar em cova de "A" ou "B", prefiro sentar numa praia e ver o por do sol e pensar nos meus caros que ja se foram.
Realmente é constrangedor uma cerimonia funebre, nao sabemos nunca o que dizer, talvez seja melhor nao dizer nada, nessa hora os nossos olhos dizem tudo como um espelho d'alma.
Big Kiss
É uma situação que a melhor postura é o silêncio e um abraço de solidariedade, pelo menos é o que penso... dizer o que a alguém que está sofrendo com a perda?
Mas sabe, não dou a menor importância ao corpo, à cova... o que toma conta dos meus pensamentos nos velórios e enterros ou cremações, é a curiosidade de saber aonde está a essência que animava aquele corpo que a mim, parece um boneco, mas creio firmemente em vida após a morte.
Com meu corpo, quando for abandonado pela essência, pouco me importa o que farão...
Beijos querida Odele e bom final de semana.
...os meus mortos foram cremados ...
os que faltan sê-lo-ão também ...
quando chegar a minha vez tb serei cremada ....
beijinhos
Quando minha m�e faleceu ( � 10anos) foi a enterrar em terra rasa, depois e passado o tempo necess�rio cerca de 6 anos. Levamos os restos mortais a cremar, , depois nos deram uma urna ou pote com as cinzas que depositamos junta a meu pai falecido � cerca de 25 anos. Quando eu morrer quero ser cremado, mas n�o vamos pensar em coisas tristes .
Sauda�es e uma beijoca para voc�s
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